Martindale vs Wyzenbeek: entenda as diferenças entre os testes de resistência dos tecidos

Evite enganos na escolha de tecidos: conheça a fundo os dois métodos de teste mais utilizados mundialmente para medir a resistência à abrasão.

Porque é que isto importa?

No universo da decoração profissional, a durabilidade dos tecidos é um critério essencial. Seja em projetos residenciais exigentes ou espaços comerciais de elevado tráfego, é imprescindível garantir que os tecidos seleccionados são adequados ao uso previsto.
No entanto, é frequente a confusão entre os dois principais testes de resistência à abrasão: Martindale e Wyzenbeek. Embora à primeira vista possam parecer semelhantes, tratam-se de métodos distintos, com resultados que não são directamente comparáveis. Esta confusão pode conduzir a escolhas técnicas inadequadas e a expectativas desajustadas.

O que mede um teste de resistência à abrasão?

Os testes de abrasão avaliam o número de fricções consecutivas que um tecido suporta até apresentar sinais visíveis de desgaste. Este indicador permite estimar a sua durabilidade em condições reais de utilização.

Martindale – O padrão europeu

  • Utilizado sobretudo na Europa
  • O teste envolve um movimento circular e oscilante entre o tecido e uma superfície abrasiva (como lã ou lixa).
  • A pressão é uniforme e constante.
  • O resultado é medido em ciclos Martindale (rubs).
  • Norma: EN ISO 12947

Referência para interpretação:

  • Até 10.000 rubs: uso decorativo
  • 10.000–20.000 rubs: uso leve residencial
  • 20.000–40.000 rubs: uso intenso (residencial/comercial leve)
  • Acima de 40.000 rubs: uso comercial severo

Wyzenbeek – O padrão americano

  • Utilizado principalmente nos Estados Unidos
  • O teste aplica um movimento retilíneo (frente e trás) entre o tecido e uma faixa de algodão ou lona abrasiva.
  • Cada movimento de ida e volta conta como 1 “double rub”.
  • Norma: ASTM D4157

Referência para interpretação:

  • Até 9.000 double rubs: uso leve
  • 10.000–15.000 double rubs: uso residencial
  • 15.000–30.000 double rubs: uso comercial leve
  • Acima de 30.000 double rubs: uso comercial pesado

A grande armadilha: comparar Martindale com Wyzenbeek

Apesar de ambos os testes avaliarem a resistência à abrasão dos tecidos, os métodos Martindale e Wyzenbeek diferem significativamente na forma como a fricção é aplicada. Por essa razão, valores idênticos nos dois testes não são diretamente comparáveis. Ou seja, 10.000 ciclos Martindale não equivalem a 10.000 double rubs Wyzenbeek. Um tecido com 40.000 rubs Martindale não é, necessariamente, equivalente a outro com 40.000 double rubs Wyzenbeek. Não existe uma fórmula de conversão exata entre os dois métodos, e é precisamente essa comparação direta que constitui um erro comum – e potencialmente perigoso – podendo levar a falhas técnicas graves num projeto.

Para evitar equívocos na escolha dos tecidos, é fundamental confirmar sempre qual o método de teste utilizado pelo fabricante. Deve-se dar preferência ao método que corresponde ao mercado em que se está a operar. Em Portugal e na Europa, o padrão de referência é o Martindale. Caso esteja a trabalhar com tecidos importados dos Estados Unidos, não deve confiar apenas nos valores indicados em double rubs. Nesses casos, recomenda-se a solicitação de testes complementares ou o apoio de um especialista, de forma a garantir que o tecido cumpre os requisitos técnicos do projeto.

A escolha de um tecido resistente e adequado ao uso pretendido exige conhecimento técnico e uma atenção rigorosa aos detalhes. Saber interpretar corretamente os testes de abrasão – seja Martindale ou Wyzenbeek – é uma mais-valia para qualquer profissional da área.

Na Damaceno & Antunes, estamos disponíveis para apoiar na análise técnica de cada tecido e ajudar a garantir a melhor escolha para cada projeto. Para apoio técnico personalizado, pode entrar em contacto connosco através do email: info@damaceno-antunes.pt.